Ópera e concertos encenados na temporada de música da Gulbenkian

Outro dos momentos em destaque é a estreia portuguesa de “Baby Doll”, espetáculo concebido pela encenadora Marie-Eve Signeyrole, sobre a vida de mulheres migrantes, conjugadas com a 7.ª Sinfonia de Beethoven, numa produção que associa a Gulbenkian e a Philharmonie de Paris.

A dança de Anne Teresa De Keersmaeker, que recentemente recebeu na Gulbenkian o Prémio Europeu Helena Vaz da Silva para Divulgação do Património Cultural, apresenta-se em Lisboa com a Companhia Rosas, nos dias 09 e 10 de janeiro, numa das suas mais recentes coreografias, desenhada sobre a música de Johann Sebastian Bach.

Trata-se das seis Suites para violoncelo solo, que são interpretadas ao vivo por Jean-Guihen Queyras e dançadas por três bailarinos e três bailarinas da companhia, e pela própria De Keersmaeker, numa das suites. Intitulada “Mitten wir im Leben sind/Bach6Cellosuiten”, a obra apela ao salmo de Lutero “Em plena vida estamos”.

Presença já anunciada no âmbito da temporada da Culturgest, Keersmaeker regressará a Lisboa em março, para apresentar neste palco, a solo, a sua mais recente criação, sobre as “Variações Goldberg”, também do mestre de Leipzig, que serão interpretadas pelo pianista Pavel Kolesnikov.

Para o palco da Gulbenkian, o baixo-barítono Marcos Fink pensou a ação cénica da ópera “Così fan tutte”, de Mozart, a apresentar nos dias 18 e 20 de março. Fink também interpreta Don Alfonso, o protagonista, acompanhado pelas sopranos Sunhae Im e Natalie Pérez, e o barítono Samuel Hasselhorn. A direção musical é do maestro Nuno Coelho.

As dificuldades por que passam as mulheres migrantes, forçadas ao exílio, estão na base do drama coreografado “Baby Doll”, a apresentar nos dias 01 e 02 de abril.

Assumindo a 7.ª Sinfonia de Beethoven como “uma referência do ideal estético europeu”, a encenadora Marie-Eve Signeyrole concebe uma “ficção documental”, sobre “uma realidade dolorosa que vai além do imaginável, evitando fantasias, e que diz respeito a milhares de mulheres sírias, indianas, sudanesas ou afegãs”, como se lê no programa da estreia, ocorrida há uma semana, na Cité de la Musique, na capital francesa.

“Baby Doll” conjuga testemunhos reais recolhidos pela própria encenadora, que se centra em Hourria, uma jovem eritreia de 19 anos, a caminho da Europa.

“Considero criminoso não ajudar seres humanos em perigo de morte, em estado de sobrevivência, que nos pedem o reconhecimento da sua humanidade através do nosso acolhimento e da nossa benevolência. É uma questão de razão e de dever, e não de escolha”, diz a encenadora, numa entrevista publicada no programa da estreia francesa.

A Orquestra Gulbenkian será dirigida por Ben Glassberg. Ao efetivo junta-se o clarinetista e compositor YOM, especialista em música Klezmer.

A “Paixão segundo São João”, de Bach, será interpretada no “Concerto da Páscoa” dos dias 12, 13 e 14 de abril. O Coro e a Orquestra serão dirigidos por Florian Helgath, com a soprano Ana Quintans, a meio-soprano Helena Rasker, e os tenores Tuomas Katajala e Marco Alves dos Santos, como solistas.

A Missa em Si Menor, “outro monumento” do mestre do Barroco alemão, será interpretada nos dias 28 e 29 de abril, por Ana Quintans, com o baixo-barítono Andreas Wolf e a direção de Leonardo García Alarcón.

Os Concertos de Domingo, comentados, mantêm-se durante o primeiro semestre de 2022. Serão três programas, de sessão dupla, com a Orquestra Gulbenkian.

O primeiro (06 de fevereiro) é dedicado a aberturas e árias de Mozart, das óperas “As bodas de Figaro”, “Don Giovanni” e “A flauta mágica”, e mobiliza o maestro Diogo Costa, a soprano Cecília Rodrigues e o barítono André Henriques.

Em 13 de março, será a vez de um programa dirigido por Nuno Coelho, com obras dos compositores russos Tchaikovsky, Mussorgsky e Rachmaninov, com o violoncelista Jonathan Roozeman e do pianista Vasco Dantas.

No último concerto da série, o maestro Giancarlo Guerrero dirige “The Composer Is Dead”, um ‘divertimento-policial’ de Nathaniel Stookey, em que um narrador-detetive, interpretado pelo maestro, interroga os suspeitos de um crime, os diferentes instrumentos da orquestra.

As transmissões da Metropolitan Opera de Nova Iorque contemplam “Cinderella”, de Massenet (05 de fevereiro), “Rigoletto”, de Verdi (19 de fevereiro), “Ariadne auf Naxos”, de Richard Strauss (12 de março), “Don Carlos”, de Verdi (26 de março), “Turandot”, de Puccini (7de maio), “Lucia de Lammermoor”, de Donizetti (21 de maio) e “Hamlet”, de Brett Dean.

O programa Rising Stars – jovens estrelas em ascensão – também regressa à Gulbenkian, no fim de semana de 15 e 16 de janeiro. As “portas abertas” permitirão descobrir os jovens intérpretes Ben Goldscheider (trompa), Isata Kanneh-Mason (piano), Lucie Horsch (flauta de bisel), Johan Dalene (violino), e os quartetos Kebyart Ensemble (saxofones) e Simply Quartet (cordas), selecionados pela rede europeia de salas de concerto (ECHO), de que a Gulbenkian Música faz parte.

A programação pode ser consultada na totalidade em gulbenkian.pt/musica/, a partir das 10h00.

Leia Também: Maria João Pires em digressão com orquestra da fundação Gulbenkian

Deixe um comentário