Orquestra Metropolitana de Lisboa faz a festa dos 30 anos a 10 de julho

Em declarações à agência Lusa, o diretor artístico da OML, o maestro Pedro Neves, disse que a orquestra continua a “lutar por um espaço regular para ter concertos e formar um público”.

“A OML como orquestra profissional está inserida num grande projeto que é a ‘Metropolitana’, que inclui três escolas de diferentes níveis, e tem uma pós-graduação que faz a ligação do lado pedagógico com o profissional, desembocando na OML que é a parte mais visível”, disse o maestro, que apontou a Metropolitana como “um projeto único a nível nacional e até em termos internacionais, pois é raro encontrar um projeto que tenha a parte pedagógica e profissional tão ligadas entre si”.

Tanto as três escolas — Conservatório, Escola Profissional e Academia Superior de Orquestra — como a orquestra funcionam no mesmo edifício, em Lisboa, na Junqueira, frente ao rio Tejo, antigas instalações da fábrica Standart Elétrica.

As escolas contabilizam 344 alunos, entre os 7 e os 22 anos. A OML conta com 34 músicos.

Outra prioridade da Metropolitana é “alcançar novos públicos”, o que passa por atrair mais promotores regionais, isto é, autarquias, “não exclusivamente na área metropolitana de Lisboa”, esclareceu Neves.

Atualmente, além da Câmara de Lisboa, um dos fundadores e que preside, a Metropolitana conta quatro promotores: as câmaras de Caldas da Rainha, Lourinhã, Setúbal e Montijo.

O vereador da Cultura de Lisboa, Diogo Moura, é, por inerência, presidente da Associação de Música, Educação e Cultura (AMEC)/Metropolitana, tendo sucedido no cargo ao escritor e gestor cultural António Mega Ferreira.

Pedro Neves adiantou à Lusa que está a ser feito “um esforço para voltar a ter outra vez cada vez mais autarquias”, o que definiu como “um objetivo”.

Questionado sobre a questão laboral na Metropolitana, o maestro afirmou que “está calma”.

O percurso da OML tem sido pautado por vários tumultos: logo em 2003 levou à saída do seu fundador, o maestro Miguel Graça Moura, que acabou condenado em tribunal por peculato e falsificação de documento 10 anos depois. O maestro foi também obrigado a pagar indemnizações compensatórias à Câmara de Lisboa, no valor de 30 mil euros, e à AMEC de 690.494 euros, bem como a devolver material, designadamente CD e livros.

Em 2007, a “instabilidade” dos apoios financeiros de organismos estatais fundadores da Metropolitana, nomeadamente os ministérios da Cultura, o da Educação e o do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, e a secretaria de Estado do Turismo, terá ditado a saída da pianista Gabriela Canavilhas, que liderou o projeto depois da saída de Graça Moura.

Em 2011 e 2012, várias greves foram marcadas e desconvocadas pelos trabalhadores descontentes com as condições laborais e por cortes salariais.

“Em termos de passado as coisas estão resolvidas”, garantiu Pedro Neves, maestro titular da OML.

“O aspeto laboral está assegurado, está calmo. Claro que a nossa luta é dar cada vez mais condições às pessoas que trabalham aqui; a instituição tem alguma facilidade em perceber em termos de futuro qual a relação que teve no passado e olhar para o presente de uma forma autonomista”, disse.

A Metropolitana apresentou-se pela primeira vez a 10 de junho de 1992, em Lisboa, e celebra os seus 30 anos no dia 10 de julho com um dia inteiro de concertos no CCB.

O dia vai das 10:00, com a Piccola Orquestra Metropolitana, Orquestra Juvenil de Santa Maria Maior e os Coros do Conservatório de Música da Metropolitana e da Escola Profissional da metropolitana, no Grande Auditório, até às 18:30 na Praça, com o Ensemble de Metais e Percussões.

O 30.º aniversário é marcado com a estreia de “Le Tour de Passe-Passe”, Concerto para Violino e Orquestra, de Sérgio Azevedo, no concerto das 17:00, no Grande Auditório, sob a direção do maestro Pedro Neves, sendo solista Ana Pereira, formada na Metropolitana. O programa deste concerto inclui ainda a Sinfonia N.º 1, “Clássica”, de Serguei Prokofiev.

Referindo-se à programação do dia, Pedro Neves disse que a peça em estreia foi uma encomenda do seu antecessor, o maestro Pedro Amaral, à qual deu continuidade e, neste concerto de aniversário, pretende a Metropolitana “vincar aquilo que se faz ao longo da temporada: prestar muita atenção à música que se faz hoje, dar oportunidade aos músicos portugueses nos programas e aproveitar para mostrar mais uma encomenda da orquestra”.

O dia 10 de julho “é muito importante” para a Metropolitana “porque vamos estar todos juntos, músicos, alunos e professores, e vamos poder mostrar ao público o resultado do nosso trabalho de 30 anos, e se o pudermos perspetivar em termos de futuro ainda melhor”, destacou o maestro.

Pedro Neves é, desde janeiro de 2021, diretor artístico e maestro titular da OML, sendo paralelamente maestro titular da Orquestra Clássica de Espinho.

Desde a sua estreia, a OML compreende os repertórios barroco, clássico, e sinfónico — integrando, neste último caso, os jovens intérpretes da Orquestra Académica Metropolitana. Esta versatilidade, com que também abrange a Música de Câmara, o Jazz e o Fado, a Ópera e a Música Contemporânea.

Além-fronteiras, a OML apresentou-se em Estrasburgo, Bruxelas, Itália, Áustria, Cabo Verde, Índia, Coreia do Sul, Macau, Tailândia e China.

Ao longo dos anos foi dirigida por inúmeros maestros como Arild Remmereit, Nicholas Kraemer, Lucas Paff, Joana Carneiro, Olivier Cuendet, Jean-Sébastien Béreau, Álvaro Cassuto, Marc Tardue, Cesário Costa, Brian Schembri, Manuel Ivo Cruz, Michael Zilm, Victor Yampolsky, Christopher Hogwood e João Paulo Santos.

Colaboraram com a orquestra solistas como Maria João Pires, Augustin Dumay, José Cura, Monserrat Caballé, José Carreras, Artur Pizarro, Tatiana Nikolayeva, Elisabete Matos, Anabela Chaves, Pedro Burmester, Anne Queffélec, Irene Lima, Paulo Gaio Lima, Eric Stern, Gerardo Ribeiro e António Rosado. Mais recentemente, juntaram-se a este rol os nomes de Leon Fleisher, Natalia Gutman, Kiri Te Kanawa, Oleg Marshev, Pascal Rogé, Dora Rodrigues, Luís Rodrigues e Mário Alves e Felicity Lott.

A OML já gravou dez CD — um dos quais foi disco de platina – para diferentes editoras, incluindo a EMI Classics, a Naxos e a RCA Classics.

O mais recente registo discográfico da orquestra saiu em dezembro de 2020 e inclui uma peça de Sérgio Azevedo composta para o flautista Nuno Inácio, músico da OML, e uma outra do húngaro Béla Bartók.

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