Pintura do século XVII ‘Mensageiro’ será exibida no Museu de Arte Antiga

De acordo com o museu, a pintura vai ser apresentada no âmbito do ciclo “Obra Convidada”, um projeto de intercâmbio do MNAA que recebe obras cedidas por museus de todo o mundo, e ficará patente na Galeria de Pintura Europeia até 26 de junho.

Pertencente à Coleção do Banco Santander, esta obra em óleo sobre tela foi criada em cerca de 1640, e tem dimensões de 176 por 97 centímetros, descreve o museu sobre o quadro que retrata um personagem de manto, e largo chapéu na mão, que surge de pé, inclinado, prestes a entregar uma mensagem.

“Esta pintura, embora mutilada e com alguns repintes, mostra um gosto recorrente de Ricci por um tipo de composição da figura humana, em inclinação dinâmica, inspirada na ‘Rendição de Breda’, de Velázquez, e que foi comum a outros pintores da época. É também característico o ambiente tonal, dominado pelos castanhos, e o fundo escuro (…), certamente com intenção alegórica”, acrescenta um texto do museu sobre a obra.

Nascido em Madrid, em 1600, Frei Juan Ricci, de seu nome completo Juan Andrés Ricci, iniciou a sua formação artística com o pai, o pintor italiano Antonio Ricci, natural de Ancona, amigo do artista Federico Zuccaro, que acompanhou na sua viagem a Espanha, ambos contratados para a obra do Mosteiro do Escorial.

Aqui professou como monge beneditino, em 1628, passando a ser conhecido como Frei Juan Ricci, e recebeu importantes encomendas para os mosteiros de Silos, San Juan de Burgos, San Pedro de Cardeña, Medina del Campo ou San Millán de la Cogolla. Em 1662 partiu para Itália, onde morreu, em 1681.

Artista de amplos interesses — foi também tratadista e arquiteto — explorou os recursos plásticos do tenebrismo, com acentuados efeitos contrastantes de luz e sombra, em obras maioritariamente de temática religiosa, indica ainda o MNAA.

Criado em 1884, o MNAA alberga a mais relevante coleção pública do país em pintura, escultura, artes decorativas — portuguesas, europeias e de outros continentes –, desde a Idade Média até ao século XIX, incluindo o maior número de obras classificadas como “tesouros nacionais”, assim como a maior coleção de mobiliário português.

No acervo encontram-se, nos diversos domínios, algumas obras de referência do património artístico mundial, nomeadamente, os Painéis de São Vicente, de Nuno Gonçalves, obra-prima da pintura europeia do século XV.

Também detém a Custódia de Belém, obra de ourivesaria de Gil Vicente, mandada lavrar pelo rei Manuel I, datada de 1506, e os Biombos Namban, do final do século XVI, registando a presença dos portugueses no Japão.

O tríptico ‘As Tentações de Santo Antão’, de Hieronymus Bosch, ‘Santo Agostinho’, de Piero della Francesca, ‘A Conversação’, de Pietr de Hooch, e ‘São Jerónimo’, de Albrecht Dürer, estão entre as mais conhecidas obras do museu.

Leia Também: Marcelo elogia “génio incansável” de Cabrita Reis, que declara “encanto”

Deixe um comentário