A ‘shortlist’ do prémio, hoje anunciada, é dominada por mulheres e inclui pela primeira vez um título hindi, tendo entre os candidatos ao prémio a polaca Olga Tokarczuk, Prémio Nobel da Literatura de 2018 e que já anteriormente venceu o Booker Internacional, a concorrer com autores traduzidos para inglês pela primeira vez.
Foi com a mesma tradutora deste ano, Jennifer Croft, que Olga Tokarczuk venceu anteriormente o galardão.
Seja na Coreia moderna ou em meados do século XVIII na Polónia, estes livros partilham uma relevância urgente, considerou o júri sobre esta seleção composta por obras, cada uma de línguas e países diferentes, representando três continentes.
A lista com os seis finalistas inclui “The Books of Jacob”, de Olga Tokarczuk, “A New Name: Septology VI-VII”, do norueguês Jon Fosse, “Cursed Bunny”, da coreana Bora Chung, “Heaven”, da japonesa Mieko Kawakami, “Elena Knows”, da argentina Claudia Piñeiro, e “Tomb of Sand”, da indiana Geetanjali Shree.
O júri da edição deste ano é presidido pelo tradutor Frank Wynne e composto ainda pela autora e académica Merve Emre, pela escritora e advogada Petina Gappah, pela escritora e humorista Viv Groskop, bem como pelo tradutor e escritor Jeremy Tiang.
Os livros pré-selecionados deste ano são obras de literatura selvaticamente originais, que exploram todos os traumas, quer a nível individual quer a nível social, descreve o júri.
Entre os nomeados incluem-se uma coleção de contos de género, que esbate as linhas entre realismo mágico, horror e ciência, e aborda os horrores e crueldades muito reais do patriarcado e do capitalismo na sociedade moderna; um conto de duas versões da mesma pessoa, cujas escolhas conduziram a vidas diferentes, ambas lidando com questões existenciais; uma exploração da vida de um jovem rapaz submetido a uma intimidação implacável, e a sua amizade com uma colega de classe igualmente proscrita;
Os restantes selecionados abordam as investigações de uma mãe doente sobre a morte da sua filha, onde são exploradas as facetas ocultas do autoritarismo e da hipocrisia na sociedade; um conto sobre a nova vida de uma mulher idosa após uma depressão profunda causada pela morte do marido, que acompanha a sua viagem ao Paquistão para enfrentar traumas não resolvidos; e um conto de meados do século XVIII do líder religioso polaco-judaico Jacob Frank, ambientado no sudeste multicultural da Europa, de Lviv a Constantinopla.
“A tradução é uma dança íntima e intrincada que atravessa fronteiras, culturas e línguas. Pouco se compara com o espanto e a alegria de descobrir um par perfeito de escritor e tradutor. Como júri, tivemos o prazer de ler muitos livros extraordinários, de entre os quais tem sido difícil, e por vezes desolador, escolher uma lista restrita”, considerou o presidente do júri.
De acordo com Frank Wynne, “estes seis títulos de seis línguas exploram as fronteiras e os limites da experiência humana, sejam eles assombrosos e surrealistas, pungentes e tenros, ou exuberantes e caprichosos. Nas suas diferenças, oferecem vislumbres de literatura de todo o mundo, mas todos partilham uma originalidade feroz e de cortar a respiração, que é uma prova da inventividade infinita da ficção”.
A ‘shortlist’ deste ano é novamente dominada por editoras independentes, entre as quais se contam pela primeira vez na corrida ao prémio a Tilted Axis e a Honford Star.
As seis línguas abrangidas são coreano, norueguês, japonês, espanhol, hindi e polaco.
A lista de finalistas hoje apresentada deixou de fora o escritor brasileiro Paulo Scott, o israelita David Grossman, a mexicana Fernanda Melchor, o coreano Sang Young Park, o indonésio Norman Erikson Pasaribu, a francesa Violaine Huisman e o dinamarquês Jonas Eika, previamente escolhidos para a ‘longlist’.
A seleção inicial foi feita a partir de 135 obras, um número recorde de candidaturas.
O prémio Booker Internacional atribui um montante global de 50 mil libras (59.570 euros) à obra vencedora, repartidas entre autor e tradutor.
Nenhum dos livros agora nomeados está publicado em Portugal, mas Jon Fosse, Claudia Piñeiro e Olga Tokarczuk têm várias obras traduzidas para o mercado português que não as agora indicadas para o prémio.
O vencedor do Prémio Booker Internacional vai ser anunciado no dia 26 de maio.
O prémio visa distinguir livros traduzidos para o inglês e publicados no Reino Unido ou na Irlanda.
O anterior vencedor foi “À Noite Todo o Sangue é Negro”, pelo francês David Diop e traduzido por Anna Moschovakis.
Leia Também: Moçambique. ONG alerta para atrasos na distribuição de livros gratuitos