Projeto que junta Capicua e Nerve a grupos corais estreia-se em Abrantes

“Em 2022, os ‘rappers’ Capicua e Nerve dialogam com os grupos corais de Abrantes e Louriçal, conhecendo lendas locais e histórias de vida, e trabalhando sobre esse material. O resultado: dois territórios, dois ‘rappers’, dois grupos corais, dois espetáculos finais, um documentário, um ´making of´ e as gravações áudio do cancioneiro renovado. Duas realidades de cultura em palco”, referiu a associação Artemrede, promotora do projeto, num comunicado hoje divulgado.

Até Recanto chegar a palco houve “pesquisa, proposta de novas letras e ensaios”.

No espetáculo, serão apresentadas 20 canções, que mantêm as sonoridades “tradicionais”, mas “introduzem novos personagens em letras totalmente reescritas pelos dois ‘rappers'”.

A criação de letras novas, explicou Capicua, citada no comunicado, foi algo que “surgiu no ‘brainstorm’ inicial” depois do convite para “fazer alguma coisa ligada aos grupos corais”.

“Entusiasma-me sempre a parte da escrita e achei que podia ser um caminho importante para cruzar o trabalho dos grupos corais ou musicais com uma dimensão territorial, cultural e social de cada uma das localidades”, referiu.

Capicua considerou que as letras das canções “permitiriam explorar os temas que têm a ver com aquilo que é a vivência de cada território, e o que tem a ver com as lendas, as histórias locais, as histórias das pessoas, a história dos próprios grupos, a cultura daquele contexto geográfico”.

“Pensei que as letras seriam um bom ponto de partida para explorar tudo isso”, disse.

Capicua e Nerve, para Elisabete Pereira, do Orfeão de Abrantes, “conseguiram transmitir algumas dessas histórias”.

“A Ana e o Tiago conseguiram pô-las nas canções que nos foram oferecidas. E foi muito, muito gratificante e as pessoas estão supercontentes. Acham imensa piada a isto de se fazer uma letra dentro daquela música a que estamos habituadas, com uma história que nos diz alguma coisa”, partilhou, também citada no comunicado.

Nerve aceitou o convite por ser “fora” da sua “área de conforto artístico”.

“Pareceu-me muito desafiante aplicar algumas das técnicas da nossa profissão, jogar aqui com sílabas. Mesmo no contexto rap há sempre sílabas que estão a mais, outras que estão a menos, temos de fazer ali jogos de palavras e por aí fora. E aplicar isso a um formato completamente diferente pareceu-me muito interessante”, afirmou.

Sair da área de conforto foi algo que, inicialmente, deu “um bocadinho de medo” aos elementos do Grupo de Cavaquinhos do Louriçal. “Começámos a pensar: “Será que é preciso ‘rappar’?” Porque nenhum de nós tem jeito para isso”, contou, entre risos, Cristina Diniz, daquele grupo.

O espetáculo Recanto, que inclui os grupos Cant’Abrantes, o Grupo de Cavaquinhos do Orfeão de Abrantes e o Coro Misto do Orfeão de Abrantes, e o Grupo de Cavaquinhos do Louriçal, é apresentado no sábado em Abrantes, no Parque de São Lourenço, e no dia 18 de junho no Louriçal, no Largo Dom Luís Meneses. As apresentações são às 21h30.

A Artemrede é um projeto de cooperação cultural e territorial “que atua, desde 2005, nas áreas da programação em rede, do apoio à criação, da formação e da mediação cultural”.

Atualmente é constituída por 18 associados: os municípios de Abrantes, Alcanena, Alcobaça, Almada, Barreiro, Lisboa, Moita, Montemor-o-Novo, Montijo, Oeiras, Palmela, Pombal, Santarém, Sesimbra, Sobral de Monte-Agraço, Tomar, Torres Vedras e a cooperativa Rumo.

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