Retrospetiva de desenho de António Carmo abre dia 12 em Lisboa

Na exposição, patente até 6 de fevereiro, apresentam-se desenhos desde a primeira fase de António Carmo, em que os seus trabalhos se integram “naquilo que se pode chamar desenho de intervenção, retratando a ausência da dignidade humana e da superioridade (i)moral”, escreve a arquiteta Andreia Monteiro, na folha de sala, até à atualidade.

Com “o vencer da liberdade”, depois do 25 de Abril de 1974, “a sua obra foi ganhando um outro tipo de expressão, a cor foi adquirindo maior dimensão”, prossegue Andreia Monteiro, que atesta: “A liberdade de pensamento e ação refletem-se num turbilhão de cores que se harmonizam por entre corpos volumosos e voluptuosos na forma”.

Com a entrada no atual século “o desenho volta a figurar, mas com a expressão da forma livre e de corpos ‘disformes’ como reflexo de uma liberdade não condicionada, mas em que a crise de calores se impõe”, escreve Monteiro.

Para Andreia Monteiro, a obra de António Carmo que se expõe na Sociedade Nacional de Belas Artes “revela maturidade emocional, numa leitura clara da realidade em que se enquadra, mostrando-se critica e detentora de ideais que valeriam ao próximo a busca por um bem-estar interior, maior”.

António Carmo nasceu em 1949 no bairro da Madragoa em Lisboa, no seio de uma família ligada às lides marítimas, estudou Pintura Decorativa na Escola de Artes Decorativas António Arroio, também na capital e, como referiu numa entrevista à agência Lusa, muito aprendeu nas tertúlias lisboetas onde conviveu com personalidades como Almada Negreiros (1893-1970) ou João Hogan (1914-1988).

Em 1968 ingressou como bailarino e figurinista nos Bailados Portugueses Verde Gaio.

Em 1973, na Galeria Opinião, em Lisboa, realizou uma exposição de reflexão e denúncia da Guerra Colonial, para a qual tinha sido mobilizado dois anos antes.

No seu currículo conta cerca de 80 exposições individuais em todo o país e está representado em 32 coleções nacionais, entre elas a Museu Martins Correia, na Golegã, e no Museu do Convento de Jesus, em Setúbal.

No estrangeiro, efetuou cerca de 60 exposições, tendo apresentado as suas obras, entre outros, na Casa de Portugal, em S. Paulo, no Brasil, em 2004, e por cinco vezes no Parlamento Europeu, em Bruxelas.

Em 1997, venceu o Prémio Movimento Arte Contemporânea.

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