Temporada do S. Carlos com duas estreias de autores nacionais

A ópera “O Rouxinol”, de Sérgio Azevedo, destina-se ao público infantil e tem a estreia marcada para janeiro, nos dias 29, 30 e 31, com direção musical do maestro João Paulo Santos e encenação de Mário João Alves.

Desde 2011 que o TNSC não apresentava uma ópera para o público infantil. Esta ópera conta com os desempenhos, entre outros, de Ana Sofia Ventura e Diogo Oliveira.

Trata-se de uma encomenda do TNSC e um projeto “muito acarinhado” pela diretora artística, Elisabete Matos, que, em entrevista à agência Lusa, sublinhou “a possibilidade de os jovens e crianças virem ao S. Carlos assistirem a obras destinadas a eles” e que prevê seja apresentada fora de Lisboa, junto das escolas.

A Sinfonia 2022, de Nuno Corte-Real, é estreada a 13 de janeiro pela Orquestra Sinfónica Portuguesa (OSP) sob a direção de Corte-Real, num concerto em que será solista a soprano Elisabete Matos. O programa deste concerto inclui ainda o prelúdio de “Tristão e Isolda” e a transfiguração de Isolda, de Richard Wagner, e “Rédemption: Morceau Symphonique”, de César Franck.

A temporada lírica apresenta, entre outubro e junho de 2023, seis óperas, incluindo uma nova produção de “Blimunda”, de Asio Corghi, sob a direção musical do maestro José Eduardo Gomes e com encenação de Nuno Carinhas, no âmbito das comemorações do centenário do nascimento do escritor José Saramago (1922-2010).

A temporada sinfónica conta 13 concertos, entre setembro próximo e junho de 2023. Além do TNSC, a OSP apresenta-se no Teatro Camões, no Centro Cultural de Belém (CCB) e no Mosteiro dos Jerónimos, em Lisboa, e no Teatro Municipal Joaquim Benite (TMJB), em Almada, maioritariamente sob a direção do seu maestro titular, Antonio Pirolli.

No Mosteiro dos Jerónimos, no dia 13 de dezembro, a OSP, sob a direção de Nuno Corte-Real, apresenta “Tremor” e “Magnificat Manuelino”, de Corte-Real, sendo solista a soprano Bárbara Barradas.

Referindo-se à programação, Elisabete Matos disse: “É um regresso à dita normalidade em que tanto a nível operático como sinfónico e coral-sinfónico voltamos ao que é importante para os nossos corpos artísticos, e voltamos a ter aquilo que distingue o TNSC, voltamos a fazer as grandes obras”.

A soprano sublinhou a presença de “portugueses com qualidade e não só por serem portugueses” na programação, desde logo com duas estreias de compositores nacionais, mas também a presença de cantores nos diversos elencos e maestros.

Joana Carneiro, antiga maestrina titular da OSP, volta a dirigi-la em maio, no CCB, com um programa que inclui Ligeti, Salonen e Richard Strauss.

A soprano Rita Marques protagoniza a ópera “O Elixir do Amor”, de Donizetti, que abre a temporada lírica, em outubro, dias 01, 03, 06 e 08, sendo assídua a presença de cantores nacionais nos diferentes elencos.

Cristiana Oliveira e Cátia Moreso lideram a ópera “O Trovador”, de Verdi, que encerra a temporada lírica em junho de 2023.

Elisabete Matos disse que a temporada lírica “foi pensada para dar palco aos cantores portugueses, nomeadamente os que têm carreiras internacionais”.

“Temos a obrigação que o TNSC dê a possibilidade de os portugueses se apresentarem”, disse.

Na temporada sinfónica, estão previstos nomes como os do pianista António Rosado no concerto de 11 de dezembro, sob a direção de Pirolli, e inteiramente preenchido por peças de César Franck, a meio-soprano Maria Luísa de Freitas no concerto coral-sinfónico de 18 de março de 2023, no TMJB e no dia seguinte no CCB, num programa que inclui “Alexander Nevsky”, de Sergei Prokofiev, e a suíte “Belkis, Queen of Sheba”, de Ottorino Respighi, ou o maestro Nuno Coelho que dirige a OSP no seu último concerto da temporada, a 24 de junho. Este concerto inclui “Vathek”, de Luís de Freitas Branco, “How Slow the Wind”, de Tóru Takemitsu, e “La Mer”, de Claude Debussy.

A temporada sinfónica inclui ainda um concerto de Natal preenchido pela Messa di Gloria, de Puccini, com o tenor Luís Gomes e o barítono André Baleiro, no dia 22 de dezembro, no TMJB e, no dia seguinte, no Teatro Camões, e um Concerto de Páscoa, no dia 06 de abril, no TNSC, constituído pela Sinfonia n.º 2 em dó menor, “Ressurreição”, de Mahler, sob a direção de Pirolli e com a soprano Carla Caramujo e a meio-soprano Maria José Montiel.

A temporada lírica inclui ainda os títulos “Lúcia di Lammermoor”, de Donizetti, com encenação de Alfonso Romero Mora, em março de 2023, e “Der Fliegende Holländer”, de Wagner, sob a direção de Graeme Jenkins, que estará em cena de 24 a 26 de abril, uma ópera que não era apresentada no S. Carlos desde 1986.

Elisabete Matos está a dois meses de terminar o atual mandato e não rejeita a possibilidade de tomar o seu lugar de deputada na bancada do PS. A soprano foi eleita deputada pelo Partido Socialista, no círculo eleitoral de Braga, de onde é natural, nas últimas legislativas.

Sobre o futuro disse à Lusa que não quer ser “taxativa”, e faz um “balanço muito positivo” da sua direção artística, reconhecendo que ficou por criar um estúdio de ópera, “algo essencial para os cantores nacionais”, ao que não foi alheio a pandemia, “mas o teatro nunca fechou”.

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