"Uma daquelas figuras sem as quais nenhuma cultura saudável vive"

“Era uma daquelas figuras sem as quais nenhuma cultura saudável vive: o fazedor talentoso que cuida da sua obra, mas promove sobretudo a dos outros”, referiu o chefe de Estado português numa nota publicada no portal da Presidência da República na Internet.

Para Marcelo Rebelo de Sousa, a “morte precoce” de João Paulo Cotrim é uma “notícia triste para a cultura portuguesa”, bem como “para as artes das quais foi durante décadas um ativíssimo criativo e um incansável dinamizador”.

“Homem de muitos ofícios, escreveu livros para a infância, em colaboração com alguns dos mais talentosos desenhadores jovens, como João Fazenda ou André Letria, foi guionista, ficcionista, poeta, jornalista, cronista e ensaísta, além de biógrafo de Stuart Carvalhais e Rafael Bordalo Pinheiro, linhagem da qual descendia”, sublinhou.

“Três dos projetos da sua vida foram a Bedeteca de Lisboa, de que foi o primeiro diretor, o Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada e a editora Abysmo. Em todos eles, e em muitos outros, congregou vontades, homenageou os mestres, incentivou os novos, aproximou gerações, exercitou a imaginação e o humor”, realçou Marcelo Rebelo de Sousa, endereçando “sentidos pêsames” à família.

João Paulo Cotrim morreu hoje em Lisboa, aos 56 anos, vítima de doença, disseram à agência Lusa fontes próximas da família.

João Paulo Cotrim dirigiu a Bedeteca de Lisboa desde a sua abertura, em 1996, e até 2002. Durante este período organizou várias iniciativas e exposições.

Foi diretor do Salão Lisboa de Ilustração e Banda Desenhada durante quatro edições e responsável pela sua programação e dos catálogos e da mostra Ilustração Portuguesa.

Guionista para filmes de animação, João Paulo Cotrim escreveu novelas gráficas, ensaios e poesia e histórias para crianças e adultos. Foi jornalista e era editor da Abysmo.

João Paulo Cotrim foi ainda professor no Ar Co, no departamento de Ilustração e BD, bem como no IADE – Faculdade de Design, Tecnologia e Comunicação, e colaborou no Instituto Português do Livro e das Bibliotecas (IPLB).

No seguimento do confinamento imposto pela pandemia de covid-19, João Paulo Cotrim criou, em 2020, “Torpor. Passos de voluptuosa dança na travagem brusca”, uma revista digital gratuita criada e disponibilizada pela editora Abysmo.

Entre os vários órgãos de comunicação social em que trabalhou consta a Revista Ler, Elle, Máxima, Marie Claire, Oceanos, Visão, Grande Reportagem, Colóquio-Letras, Der Spiegel, Le Monde e o suplemento DNA.

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