Vargas Llosa entra na Academia Francesa sem escrever em francês

O autor de ‘Conversa n’A catedral’, de 86 anos, é também uma exceção no que respeita à idade, já que a instituição centenária encarregada de guardar a língua de Molière só aceita membros com menos de 75 anos.

A academia fundada em 1635 pelo Cardeal Richelieu, tinha fixado, a partir de 2010, 75 anos como limite de idade de elegibilidade para um dos 40 lugares d’”os imortais”, nome por que são conhecidos os académicos, devido ao lema ‘À l’immortalité’ (À imortalidade) que preside à academia.

A receção pública a Maria Vargas Llosa terá a forma de uma cerimónia solene no Anfiteatro do Instituto Francês, em Paris, diante de uma pequena audiência, incluindo o rei espanhol Juan Carlos I e a sua filha a Infanta Cristina, convidada pelo próprio Vargas Llosa.

A sua eleição como novo membro da Academia teve lugar em novembro de 2021 e não foi isenta de críticas por parte de grupos de intelectuais franceses, tanto porque o laureado com o Prémio Nobel nunca escreveu em francês, como devido às suas posições políticas, que alguns consideravam próximas da extrema-direita.

“Ele é alguém que tem laços profundos com a França e a Academia abriu uma exceção. Porque não? Com respeito pela tradição, é por vezes necessário abrir exceções”, disse à EFE o escritor e cronista francês Jean-Marie Rouart, que ocupa o 26.º lugar na Academia desde 1997.

A “voz como académico” do autor de outras obras como ‘A Festa do Chibo’ ou ‘A Cidade e os Cães’ será um sinal da importância da literatura de um escritor que, apesar de não escrever em francês, “adora França”, acrescentou, sublinhando ainda que nenhuma nomeação é normalmente recebida por unanimidade.

‘Os imortais’ reúnem-se uma vez por semana, todas as quintas-feiras, em privado e às 15h00, e a sua missão é contribuir para a melhoria da língua francesa e para a atualização do dicionário.

Entre os atuais colegas de Vargas Llosa, contam-se, entre outros, o escritor nascido no Líbano Amin Maalouf, a escritora Chantal Thomas, o bispo de Angoulême, Claude Dagens, e a historiadora e cientista política Hélène Carrère d’Encausse, que é a “secretária perpétua” da instituição desde 1990.

Mario Vargas Llosa ocupará a 18.ª cadeira, deixada livre pelo filósofo Michel Serres em 2019.

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