Sem se realizar em 2020, devido à pandemia de covid-19, o regresso do festival dedicado à arquitetura faz-se nos primeiros dias de junho, com o tema ‘Bodies Out Of Space’.
“É uma excursão sobre a construção social do espaço conectado a um fio que circula dentro das suas próprias narrativas de dominação. Narrativas também sobre identidade que, muitas vezes, é retirada ou forçada a representar o nosso corpo”, pode ler-se na apresentação.
A partir desta reflexão, acrescenta a nota, nasce “uma vontade de pensar ativamente sobre a responsabilidade como espectadores” por um “labirinto de desigualdades como descendentes diretos da exploração do espaço e dos corpos”.
Além da seleção oficial e a competitiva, o evento debruça-se sobre Angola, país onde “a confluência de tempos e regimes é visível na sua arquitetura e na sua memória coletiva”, com a curadoria da jornalista, escritora e produtora Marta Lança.
O certame arranca com a exibição de ‘Para Lá dos Meus Passos’, de Kamy Lara e Paula Agostinho, seguindo cinco bailarinos de diferentes regiões do território angolano.
A programação inclui a estreia em sala de ‘Body-Buildings’, do português Henrique Pina, que cruza dança, arquitetura e cinema no olhar para “seis retratos coreográficos em seis locais portugueses distintos”.
Tânia Carvalho, Vera Mantero, Olga Roriz, Paulo Ribeiro, Victor Hugo Pontes e Jonas & Lander cruzam a dança com a arquitetura de Álvaro Siza, Eduardo Souto Moura, Aires Mateus, João Luís Carrilho da Graça e João Mendes Ribeiro.
Ao todo, são 36 filmes de mais de uma dezena de países diferentes, com a programação completa anunciada em breve.
Documentários, filmes de ficção, animação e obras experimentais estarão incluídas na seleção, sempre com a marca da arquitetura contemporânea, com prémios atribuídos para Novos Talentos, Melhor Ficção, Melhor Filme Experimental e o Prémio do Público.
Ao lado da programação cinematográfica, o café do Cinema São Jorge recebe um ciclo de debates intitulado “África Habitat”, organizado em parceria com a Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, e a exposição de instalações dos angolanos Lino Damião e Nelo Teixeira.
Afonso Quintã organiza ainda uma mostra sobre os cineteatros de Angola, partindo de material do Cine-estúdio do Namibe, do arquiteto José Botelho Pereira.
Concebido pela Do You Mean Architecture e pelo Instituto, o Arquiteturas é uma coprodução com a EGEAC e o Cinema São Jorge, com vários outros parceiros e o apoio da Embaixada de Angola.
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