Artista portuguesa participa na primeira edição da Bienal de Momon

A artista portuguesa está no grupo de nove artistas de vários países convidados a participar nesta nova bienal criada pelo artista holandês Frans van Lent, residente em Dordrecht, nos Países Baixos, com ligação à aldeia de Maumont, em França, onde estava previsto decorrerem residências artísticas para conceção das obras.

Fazem parte da Bienal de Momon nove artistas: além de Susana Mendes Silva, Sarah Boulton, Marc Buchy, Joan Heemskerk, Frans van Lent, Josh Schwebel, Lisa Skuret, Elia Torrecilla e Martine Viale – originários de Portugal, Espanha, Reino Unido, Bélgica, França e Holanda – tendo em comum o foco em processos de mudança, em vez de depósitos materiais.

Todos estes criadores têm-se dedicado a práticas artísticas desmaterializadas, como performances, instruções, ou partituras, segundo a organização.

La Biennale de Momon tem a sua origem na localidade de Maumont (cujo nome antigo, em occitano, é Momon), no sudoeste de França, uma aldeia antiga, semelhante a muitas outras pequenas localidades europeias que mudaram significativamente nas últimas décadas com o desaparecimento dos moradores originais.

“O plano inicial [antes da pandemia covid-19], era que os artistas ali fizessem uma residência, trabalhassem por um tempo, absorvendo a atmosfera, a História e as histórias locais”, relatou Susana Mendes Silva à Lusa.

Depois das residências, deixariam a aldeia “sem qualquer vestígio físico”, e o projeto seria apresentado ´online´, em https://momon.fr, com encontros posteriores para a sua apresentação.

Susana Mendes Silva acabou por ser a única artista a conseguir fazer a residência: “Devido às limitações de viajar de avião, acabei por fazer a viagem no meu carro com uma amiga artista, a Lara Boticário Morais”, percorrendo mais de três mil quilómetros desde Lisboa, passando por Salamanca, San Sebastian e Maumont, e de regresso.

“A pandemia mudou radicalmente o projeto. A maioria dos participantes só conhece a aldeia através de fotografias e vídeos. A realidade física que desencadeou, desempenha agora um papel diferente”, indicou.

A covid-19 também alterou o projeto conceptualmente, porque “empurrou os artistas ainda mais do físico para o virtual, mas esse facto não foi experimentando como uma limitação, foi aceite como um evento natural, que inevitavelmente influenciou as escolhas” para criar as obras.

“Olhando para o que ainda lá está, imaginámos como isso poderia levar-nos a algo belo. Criámos uma nova colónia no mundo virtual, baseada numa Maumont imaginária”, descreveu Susana Mendes Silva.

O projeto da artista, apoiado por uma bolsa de criação da Fundação Calouste Gulbenkian, já se encontra disponível ´online´, em conjunto com os dos outros artistas, que tiveram de o realizar à distância, e a apresentação pública nos Países Baixos, em junho.

A organização pretende também reunir, antes, em maio, os artistas com os habitantes de Maumont para confrontar as suas obras com a realidade física da aldeia, que “acabou por ser um lugar quase ficcional pelas condições que a covid-19 impôs”.

A 13 de junho, decorrerá uma conferência da Bienal de Momon no Museu Dordrechts, naquela cidade holandesa, onde os artistas terão a oportunidade de falar publicamente sobre o seu trabalho, e para a qual também serão convidados atores, escritores e cientistas.

A Bienal de Momon é a primeira edição numa série de projetos bianuais para a apresentação de obras de arte conceptual que conta com o apoio do município da cidade de Dordrecht.

Susana Mendes Silva, nascida em Lisboa, em 1972, é artista plástica e ‘performer’, e o seu trabalho integra uma componente de investigação e de prática arquivística.

Nas obras que produz surgem referências históricas e políticas, e o seu universo contempla e reconfigura contextos sociais diversos, mas tendo em conta a singularidade do indivíduo, de acordo com os dados biográficos da artista.

Estudou Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa, frequentou o programa de doutoramento em Artes Visuais no Goldsmiths College, Londres, e é doutorada em Arte Contemporânea, pelo Colégio das Artes da Universidade de Coimbra, com a tese baseada na sua prática performativa.

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