Num tempo em que a “incerteza” se mantém devido à pandemia, mas com “determinação para continuar”, segundo um texto da diretora artística da CNB, Sofia Campos, a companhia irá regressar a programas do ano passado, e também apresentará duas novas criações da série “Planeta Dança”, de Sónia Baptista.
O novo ano da companhia nacional começará a 14 e 15 de janeiro, em Almada, no Teatro Municipal Joaquim Benite, apresentando o programa “Trabalhos de Casa”, com as coreografias “Algo_Ritmo”, dos bailarinos Xavier Carmo/Henriett Ventura, e “Simponhy of Sorrows”, de Miguel Ramalho, que tinham sido apresentadas em novembro, no Teatro Camões, em Lisboa.
Em fevereiro, será apresentado em antestreia, a nova criação “Shostakovitch pas de deux”, do coreógrafo e professor Yannick Boquin, que integra o programa “Noite Branca” com estreia prevista para abril deste ano, depois de ter sido adiado da programação anterior, devido às circunstâncias de contenção da pandemia civid-19.
Esta antestreia, a 12 de fevereiro, da coreografia inspirada no repertório do compositor Dmitri Shostakovitch, irá acontecer em Mértola, no âmbito da iniciativa “Art Non Stop 21” promovida pela câmara municipal local, segundo a temporada enviada à agência Lusa, ainda sujeita a alterações.
Antes, entre 04 e 07 de fevereiro, a CNB regressa ao programa “Dançar em Tempo de Guerra”, que se viu obrigada a suspender, após a estreia, em março de 2020, devido ao obrigatório confinamento resultante da pandemia, e que voltará ao palco em Lisboa, seguindo depois em digressão, a partir de 19, e até início de março, pelo Porto, Aveiro e Vila Nova de Famalicão.
Este programa reúne dois nomes maiores da história da dança – Martha Graham e Kurt Jooss – remetendo para a tragédia da guerra do início do século XX, e será acompanhado pela exposição do artista visual André Guedes, que irá projetar nos três pisos do Teatro Camões as obras dos dois coreógrafos, no seu contexto político, social e cultural, como uma “folha de sala expandida”.
Ambas as coreografias, criadas na década de 1930, refletem as inquietações dos autores sobre a ideia de guerra, constituindo a de Graham uma resposta ao violento crescimento do fascismo na Europa que viria a desencadear a II Guerra Mundial, enquanto Jooss trabalhou a partir dos efeitos da I Guerra Mundial.
A coreografia “Chronicle”, da norte-americana Martha Graham, criada em 1936, é a primeira obra desta criadora a integrar o repertório da CNB, enquanto “A Mesa Verde”, do alemão Kurt Jooss, de 1932, volta a ser dançada pela companhia 34 anos após a sua última apresentação, em Lisboa.
Na criação portuguesa para a companhia nacional, regressa a história da dança através de dois novos capítulos do programa “Planeta Dança”, de Sónia Baptista, no palco do Teatro Camões, entre 13 de fevereiro e 21 de março, numa viagem entre o século XVII e o início do século XX.
O terceiro capítulo deste programa decorre na corte francesa do rei Luis XIV, quando as fundações da dança, clássica, como a conhecemos hoje, se começam a desenhar, e quando esta arte do movimento, em sociedade, funcionava como entretenimento, expressão de poder e registo da memória coletiva.
No quarto capítulo, o espetáculo vai mostrar como, no século XIX, a dança clássica conquistou os palcos e evoluiu, cada vez mais complexa, criando bailados inspirados nas tradições, contos e costumes vindos do mundo inteiro.
Ao longo de 2021, a CNB vai ainda continuar com o “Programa de Aproximação à Dança”, para desenvolver projetos de mediação na comunidade, ensaios abertos e as aulas públicas dos bailarinos, e desenvolver, durante o trimestre, duas novas atividades sobre o conhecimento da dança.
Serão elas as conversas pré-espetáculos, conduzidas pela jornalista Cristina Peres, com início durante o programa “Dançar em Tempo de Guerra”, e um novo curso teórico, “Em termos da dança”, orientado pela professora Maria José Fazenda.