“De momento, não podemos confirmar nenhum compromisso de digressão na Europa como resultado da legislação do Brexit”, disse uma porta-voz da instituição à BBC, adiando assim a apresentação da peça ‘The Curious Incident of the Dog in the Night-Time’ em palcos europeus.
A mesma porta-voz acrescentou: “Os custos potenciais de vistos e a atual falta de clareza em relação às contribuições para a Segurança Social como resultado do acordo do ‘Brexit’ significam, infelizmente, que não é financeiramente viável. Estamos a aguardar detalhes adicionais de negociações em curso sobre esta área e esperamos que, no futuro, possamos voltar à Europa continental”.
Na terça-feira, o Governo britânico disse que espera abrir negociações com países individuais da União Europeia para ajudar os artistas britânicos.
As preocupações do National Theatre deram eco às expressas pelo comité de cultura da Câmara dos Comuns e à de mais de 100 artistas que, na terça-feira, escreveram uma carta aberta ao Governo.
Ian McKellen e Julie Walters contavam-se entre os signatários da carta, que instava o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, a negociar novos termos com a União Europeia (UE) que permitissem a “profissionais criativos” como eles “viajarem sem visto para trabalhar”.
O acordo comercial firmado em dezembro entre a União Europeia e o Reino Unido permitirá viagens de trabalho e de negócios, sem necessidade de visto, a cidadãos britânicos de vários setores, mas deixa de fora os profissionais da indústria musical.
Assim, estes artistas estarão sujeitos às leis laborais de cada um dos países onde atuarem.
Numa carta do sindicato de atores Equity, mais de 100 artistas britânicos disseram que as regras de imigração pós-Brexit significam o pagamento de “centenas de libras, preencher formulário após formulário e passar semanas esperando pela aprovação – apenas para poder trabalhar”.
Por isso, na carta apelavam para que Boris Johnson negociasse “novos termos com a União Europeia”.
Em meados de janeiro, os cantores Elton John, Ed Sheeran, Liam Gallagher e Sarah Connolly estiveram entre uma centena de artistas britânicos que subscreveram uma carta de protesto contra os obstáculos burocráticos, previstos no acordo do ‘Brexit’, para poderem realizar digressões na Europa.
A lista de subscritores da carta, publicada no diário britânico The Times, incluía, além de cantores, outros trabalhadores da indústria musical, como bailarinos, atores e técnicos. Na carta, estes artistas afirmam que o Governo de Boris Johnson lhes falhou “vergonhosamente”.
No final de dezembro, mais de 167 mil pessoas no Reino Unido tinham assinado uma petição pública de apelo para os profissionais da Cultura deste país terem liberdade de circulação no espaço da União Europeia, no pós-‘Brexit’.
Leia Também: Dada Garbeck apresenta disco da tetralogia, agora “mais próxima do jazz”