A ideia, disse à Lusa a chair do PALCUS, Angela Simões, “foi fazer uma série de eventos destacando os nossos tesouros culturais”, a partir de uma discussão sobre o sentimento de divisão criado pelo ambiente político contencioso que se vive no país.
“Pensámos em formas de voltarmos a sentir que somos uma comunidade unida”, explicou Angela Simões. “O consenso foi de que a melhor forma de fazer isso é através da herança partilhada e o foco no que temos em comum e do que gostamos sendo portugueses”.
A série arrancou com um concerto da fadista Maria da Nazaré, acompanhada por Pedro Galveias e Tânia Oleiro, em direto a partir da casa de fados Maria da Mouraria.
Aquele foi o primeiro concerto de vários na série, fruto de uma parceria com a Portuguese American Cultural Exchange, cujo propósito é promover o fado nos Estados Unidos. Haverá também conversas sobre a relação entre a música e o lirismo do fado.
“Há tantas coisas novas, esperamos adicionar eventos musicais com artistas locais”, indicou Angela Simões.
A série deverá continuar até ao final do ano, permeando a conferência nacional do PALCUS entre 11 e 22 de outubro, com mais de duas dezenas de sessões.
Um tema em destaque será o ensino e o esforço para reintegrar o português como língua crítica no programa STARtalk.
“A língua é uma componente chave da nossa cultura. A dificuldade é como conseguimos mais cursos de português nas escolas públicas em todos os níveis de ensino”, afirmou Angela Simões. “Do ponto de vista das políticas, a discussão é como podemos influenciar mudanças sistémicas e não escola a escola”.
O PALCUS tem feito diligências para que o STARtalk volte a financiar o ensino do português, explicou, sublinhando que foi feito algum progresso, em especial com o gabinete do congressista luso-americano Jim Costa.
“Está no topo das nossas prioridades para o comité de relações governamentais”, indicou a responsável. “A língua é algo que tem de ser endereçado na comunidade, como um todo”, disse, frisando que o ensino da língua é sempre a principal preocupação nas sondagens da comunidade.
Outro foco é a passagem de testemunho à nova geração de lusodescendentes. “Temos eventos virados para a nova geração, como uma aula para fazer cocktails, provas de vinho e até sessões na conferência nacional sobre o que é que a próxima geração quer, o que está à procura?”, indicou a chair. “É preciso ter conversas com os mais novos sobre o que é que sentem que é a comunidade e o que querem ver”.
O PALCUS lançou dentro da sua estrutura o Next Gen Leadership Group, que é liderado completamente por jovens, e o grupo vai começar um podcast no canal da organização. “É uma coisa entusiasmante. Penso que é o primeiro podcast deste género”, sublinhou Angela Simões.
Marcando o 30º aniversário do Conselho de Liderança, a conferência voltará a ser virtual por causa da pandemia de covid-19, tal como aconteceu em 2020.
“Tivemos uma resposta tão incrível à conferência no ano passado que não tenho dúvida de que teremos a mesma resposta este ano, senão melhor”, avançou a presidente, referindo que o meio virtual permitiu chegar a mais pessoas.
Tanto a série ‘United Through Heritage’ como a conferência nacional estarão abertas a todos, de forma gratuita.
A realização dos eventos é apoiada pela FLAD — Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, com o patrocínio do Licor Beirão e Portugalia Marketplace e apoio da The Navigator Company, Universidade de Massachusetts, Lowell, e MDVIP.
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