“A figura do João Cutileiro é incontornável, primeiramente nas artes plásticas, e ocupa um sítio que não foi ocupado por mais ninguém”, pela sua “relação com a produção artística”, afirmou Pedro Fazendo, em declarações à agência Lusa.
Pedro Fazenda notou que o escultor “teve uma importância muito grande no panorama da escultura nacional e internacional”, realçando que uma das razões está relacionada com a “sua própria criatividade e pelo seu génio artístico”.
Por outro lado, sublinhou, também foi importante “por ter reformulado a relação com um material de excelência para a escultura, que é a pedra, renovando métodos de trabalho e a própria relação do objeto artístico com a sociedade e a produção”.
Esta renovação “teve uma importância muito grande e, muitas vezes, é escondida pela visibilidade que o trabalho dele teve, sobretudo, durante umas décadas”, assinalou Pedro Fazenda, que está ligado à Associação Pó de Vir a Ser, com sede em Évora.
O escultor vincou que a obra “vai continuar”, porque se “propaga e contamina outros criadores”, e que João Cutileiro “continua vivo no meio de quem trabalha em pedra, de quem faz escultura e de quem se expressa por método artístico”.
Fazenda lembrou a sua participação no Simpósio Internacional de Escultura em Pedra de 1981, que se realizou, em 1981, em Évora, em que contou na sua organização com João Cutileiro, onde teve o seu primeiro contacto com a cidade alentejana e fez “o primeiro trabalho a sério em pedra”.
João Cutileiro estava internado num hospital de Lisboa com graves problemas do foro respiratório, indicou ao início da manhã de hoje, à agência Lusa, a diretora regional de cultura do Alentejo, Ana Paula Amendoeira.
João Cutileiro é autor do Monumento ao 25 de Abril, instalado no Parque Eduardo VII, em Lisboa, entre outras obras.
Cutileiro viveu e trabalhou em Évora desde 1985. Frequentou os ateliês de António Pedro, Jorge Barradas e António Duarte de 1946 a 1950, tendo feito a sua primeira exposição individual (“Tentativas Plásticas”) em 1951, com 14 anos, em Reguengos de Monsaraz, onde apresentou esculturas, pinturas, aguarelas e cerâmicas.
Foi condecorado com a Ordem de Sant’Iago da Espada, Grau de Oficial, em agosto de 1983, e recebeu o Doutoramento Honoris Causa pela Universidade de Évora e pela Universidade Nova de Lisboa, este último, concedido em 2017.
Em 2016, foi anunciada a doação do espólio de Cutileiro ao Ministério da Cultura, através da Direção Regional de Cultura do Alentejo, e à Câmara e Universidade de Évora, tendo esta oferta ao Estado português sido formalizada em 2018, quando o escultor recebeu a Medalha de Mérito Cultural.