A sociedade veloz, que multiplica a informação, falsa ou errada, e reduz as pessoas a um número, sustenta a ação da peça, estreada na sala Estúdio, em novembro último.
‘Maria, a Mãe’ estava em cartaz até sexta-feira, mas terá mais quatro sessões (todas às 19:00), para compensar as anuladas devido às restrições impostas pelos estados de emergência, para contenção da epidemia de covid-19.
A peça fala sobre as “vicissitudes da família enquanto pilar principal da sociedade e das relações sociais”, e da “incapacidade de nos aproximarmos de uma família perfeita”, como disse à agência Lusa o ator Elmano Sancho.
O ator transpõe para o palco uma reflexão que tem vindo a desenvolver desde 2014, quando se estreou na encenação e foi de imediato premiado (‘Misterman‘, de Enda Walsh), e no qual reflete preocupações que lhe são “inerentes e muito ligadas à conhecida como crise existencialista”.
“Um tema que não é novo, mas que continua atual na sociedade individualista em que vivemos”, em que “cada vez mais somos remetidos para um simples número”. E em que “temos cada vez mais dificuldade de nos consciencializarmos de que vamos morrer”, frisou à Lusa.
A perda, a solidão, a dor, a velhice e a morte são, segundo o autor, temas constantes de ‘Maria, a Mãe’, na qual está também muito presente o pensamento do filósofo sul-coreano Byung–Chul Han, nascido em Seul, em 1959, e residente na Alemanha (editado em Portugal pela Relógio d’Água), um dos pensadores contemporâneos que mais tem abordado temas como alienação, caros ao trabalho de Elmano Sancho.
‘Maria, a Mãe’ é o segundo texto da trilogia ‘A Sagrada Família’, que Elmano Sancho começou a escrever em 2017, para a qual venceu uma bolsa da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), e que nunca pensou “pôr em palco”.
“O ‘Pai’ foi o primeiro texto a ficar concluído, embora ‘Pai’ e ‘Mãe’ tenham sido terminados quase em simultâneo“, disse.
A interpretar ‘Maria, a Mãe’, com espaço cénico de Samantha Silva e figurinos de Ana Paula Rocha, estão Custódia Galego, João Gaspar e Lucília Raimundo.
Produção conjunta do Teatro da Trindade/INATEL, da companhia Loup Solitaire e da Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, ‘Maria, a Mãe’ conta com o apoio da Fundação GDA, criada pela cooperativa Gestão e Direitos dos Artistas e da Câmara de Lisboa.
No primeiro trimestre de 2021, ‘Maria, a Mãe’ estará em digressão, estando previstas representações a 22 e 23 de janeiro, na Casa da Artes (Vila Nova de Famalicão), e, no dia 28, no Teatro das Figuras (Faro).
Nos dias 05 e 06 de fevereiro, deverá ser representada no Teatro Municipal Baltazar Dias (Funchal), no dia 11, no Teatro Avenida (Castelo Branco) e, no dia 19, no Teatro Diogo Bernardes (Ponte de Lima).
Em março, no dia 05, está prevista a presença no Centro Cultural e de Congressos (Caldas da Rainha).