A exposição “Teatro Anatómico”, vai reunir 35 obras de Maria José Oliveira “num diálogo íntimo” com desenhos anatómicos da artista Maria Helena Vieira da Silva (1908-1992), anunciou a instituição, em comunicado.
Com curadoria de João Pinharanda, a mostra faz uma ligação da obra de Maria José Oliveira, nascida em 1943, à coleção de desenhos anatómicos de Vieira da Silva realizados ainda em Lisboa, em 1927, no âmbito dos seus estudos artísticos, e pertencentes à Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, contextualiza um texto do curador.
“Pareceu-me pertinente confrontar um trabalho feito a partir ´de dentro´ com outro desenvolvido a partir ´de fora´. A observação de Vieira é ´exterior´”, explicou o curador sobre esta mostra que liga os desenhos a peças em tela e esculturas de Maria José Oliveira, que estudou cerâmica e escultura, e foi alvo de uma retrospetiva em 2017 pela Sociedade Nacional de Belas Artes.
Porém, “o seu rigor confere aos desenhos uma densidade que nos leva a considerar neles uma inequívoca profundidade emotiva, e a considerar a investigação pictórica que desenvolverá nos anos 1930 e seguintes (as estruturas espaciais, arquitetónicas e urbanas, a fragmentação da luz, a articulação das unidades de cor), na sequência da atenta observação inicial das estruturas do corpo humano”, refere João Pinharanda.
Já em Maria José Oliveira, “o corpo é mais sentido que visto, sendo representado como entidade inteiramente subjetiva — é o seu próprio corpo como modelo de outros corpos”.
A exposição “Teatro Anatómico” é organizada em parceria com a Fundação EDP e pode ser visitada até 17 de setembro, tal como a mostra do artista húngaro Joseph Kádár (1936-2019), realizada em parceria com a Embaixada da Hungria.
Nesta exposição, é reunido um núcleo de fotografias do casal de artistas Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, com quem Joseph Kádár privou quando viveu em Paris, a partir de 1969.
Pintor, fotógrafo, artista gráfico e escultor, com uma vasta obra fotográfica, Kádár criou imagens em impressões em gelatina e sais de prata, reveladas pelo próprio artista.
Do casal Vieira da Silva e Arpad Szenes é apresentado um conjunto de fotogramas de uma coleção particular, na sua maioria inéditos, que documenta a intimidade dos artistas nas casas de Paris e Yèvre-le-Châtel, entre 1980 e 1982.
Da dupla de artistas Sara & André, é inaugurada no mesmo dia uma instalação inédita especialmente criada para o espaço da Casa-atelier Vieira da Silva, junto ao museu, intitulada “Atelier-Lisbonne”, resultado de uma investigação para perceber que obras de Vieira da Silva e/ou Arpad Szenes teriam sido efetivamente produzidas naquela área de trabalho do casal.
Nascidos em 1980 e 1979, em Lisboa, onde vivem, Sara & André, trabalham e estudaram, respetivamente, Realização Plástica do Espetáculo na Escola Superior de Teatro e Cinema, na capital, e Artes Plásticas na Escola Superior de Arte e Design, nas Caldas da Rainha.
Juntos estudaram pintura na Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, e expõem regularmente desde 2006.
A exposição “Atelier-Lisbonne” poderá ser visitada até 13 de setembro de 2023, durante o horário de funcionamento do museu, de terça-feira a domingo, das 10:00 às 18:00, com entrada gratuita, indica a entidade.
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