“É um livro com texto e ilustrações que conta aos miúdos a história das peças que existem ainda, muitas vezes, em casa dos avós”, afirmou a artesã Isaura Marques, de 52 anos e que aos 15 começou a trabalhar numa empresa de cerâmica tradicional, em Condeixa-a-Nova.
Concebida por Isaura Marques e Carla Marques, a obra ‘Vamos pintar cerâmica!’ inclui uma aula de pintura e um glossário.
O livro foi primeiramente publicado pelas autoras, em 2012, com uma tiragem reduzida apoiada por particulares, e foi reeditado este ano pela editora luso-brasileira Flamingo.
“Acabámos por ser as duas autoras e ilustradoras do livro infantil, que naquela altura ninguém nos quis editar”, recordou à Lusa Isaura Marques.
Em 2010, no contexto da crise internacional que eclodiu dois anos antes nos meios financeiros, nos Estados Unidos da América, a antiga operária, agora licenciada em História pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, interveio numa feira de queijo do Rabaçal, no Zambujal, no concelho de Condeixa.
Dissertou na altura sobre produção e pintura dos mais diversos objetos de cerâmica, tendo aproveitado para partilhar conhecimentos e alertado para a importância de salvaguardar, de algum modo, saberes ancestrais que passam de geração para geração.
Atualmente, lembrou a artesã, “os jovens já não aprendem a fazer esta cerâmica antiga”, cujas principais oficinas laboravam sobretudo em Coimbra e Condeixa-a-Nova, que dista 12 quilómetros da capital do distrito.
“Em janeiro, tivemos o contacto desta editora, foi tudo muito rápido. Pelo menos, há agora este livro para que os meninos possam aprender a pintar cerâmica”, congratulou-se.
Para Isaura Marques, o mais importante, nesta iniciativa, foi “lançar a semente” para o futuro.
“A minha geração foi a última que aprendeu a pintar cerâmica na região”, lamentou.
Há 13 anos, para fazer face à crise económica, Isaura Marques começou a trabalhar por conta própria e de forma inovadora, aplicando a experiência na pintura em cerâmica a outros materiais, como madeira ou cortiça, incluindo sapatos e malas de senhora.
Foi aperfeiçoando o trabalho e, a partir da sua loja em Condeixa-a-Nova, produz peças únicas, para o mercado interno, mas também para a exportação, designadamente para Alemanha, Estados Unidos e Macau (China).
“Vivo disto desde 2008”, sublinhou a criadora, que chegou também a lecionar História em diferentes estabelecimentos de ensino.