Depois de a edição de 2020 ter sido cancelada devido à pandemia de covid-19 e de esse concelho do distrito de Aveiro ter assinalado o Dia Nacional do Azulejo apenas com a edição ‘online’ de um livro de colorir com ilustrações de inspiração cerâmica, a Câmara Municipal de Ovar definiu agora para este ano um programa que pretende ser “seguro, inclusivo e sustentável”.
O presidente da autarquia diz que o evento “tem em consideração o contexto e as necessidades” do momento atual, sobretudo ao nível de “preocupações individuais e coletivas” com a saúde e a segurança.
“Para além da possibilidade de visitas orientadas em qualquer dia e hora, de modo autónomo, destaca-se a aposta na experimentação, a oferta de atividades ao ar livre, a apresentação de novas formas de reinventar e explorar o tema azulejo, e a valorização de espaços emblemáticos da cidade através das artes performativas”, explica Salvador Malheiro.
No que se refere às visitas guiadas, incluem pela primeira vez modelos específicos para o público com dificuldades de audição e visão: no próximo sábado – e também a 30 de maio – haverá ’tours’ com um intérprete de Língua Gestual Portuguesa, ao que acrescem durante todo o mês visitas para cegos e amblíopes, mediante marcação prévia.
Já no que concerne aos concertos, são todos de entrada livre, começando pelo de Rita Redshoes esta sexta-feira, num formato disponível apenas pela Internet a partir da Igreja Matriz de Válega, ex-líbris municipal do património azulejar policromático.
A lista de propostas musicais continua depois a 28 de maio com o espetáculo do grupo “Segue-me à Capela” em parceria com a comunidade local, no pátio do Palácio da Justiça, onde a lotação será restrita e sujeita a inscrição antecipada.
Também com vagas limitadas dependentes de reserva, segue-se o espetáculo de Jorge Fernando, a 29 de maio, na Praça da República, os “Concertos à Janela”, no dia 30, em diferentes locais da cidade e, na mesma data, também a performance de Gisela João em frente à Câmara Municipal.
As oficinas, por sua vez, vão explorar tanto o fabrico de azulejos como a criação de origami inspirados em motivos cerâmicos e náuticos. Entre as temáticas a abordar está, por exemplo, a da ilustração para azulejo de figura avulsa, a de moldes cerâmicos para azulejos em relevo e a do prelo tipográfico para impressões de serigrafia.
O programa do “Maio do Azulejo” integra ainda passeios fotográficos, uma exposição sobre cartazes arrancados às paredes e transformados em azulejos por Manuela Pimentel, e uma instalação artística em que Joana Abreu explora o preenchimento de vazios na criação de padrões decorativos.
O Dia Nacional do Azulejo, que hoje se assinala, foi instituído em 2017, acedendo a uma proposta apresentada nesse sentido ao parlamento, por parte do projeto SOS Azulejo, em 2016.
O SOS Azulejo é de iniciativa do Museu de Polícia Judiciária e nasceu “da necessidade imperiosa de combater a grave delapidação do património azulejar português que se verificou recentemente de modo crescente e alarmante, por furto, vandalismo e incúria”, lê-se na página da Internet do projeto.