Festival Internacional de Música de Viseu em formato digital

 

“Tínhamos músicos que vinham dos Estados Unidos, do Canadá, da China e do Japão, e que não podem vir [devido à covid-19]”, disse hoje aos jornalistas o diretor artístico do festival, José Carlos Sousa, explicando que a opção foi “dar primazia aos músicos portugueses”.

Segundo o responsável, além do Trio Cavalcade (Jérémy Jouve, Mathias Duplessy e Prabhu Edouard), oriundo de França, e do vencedor do concurso internacional de guitarra do ano passado, o italiano Carlo Curatolo – que atuarão no dia 13 -, “todo o resto da programação é com músicos portugueses ou residentes em Portugal.”

“É o festival mais nacional de sempre, o que é bom, porque todos [os músicos] atravessam uma fase muito complicada e é mais uma forma de o festival poder ajudar os artistas portugueses”, frisou.

No ano passado, por causa da pandemia, a organização decidiu adiar o festival para dezembro, mas percebeu “que não valeu de muito a alteração de datas”, e este ano manteve as que estavam previstas, entre a próxima quinta-feira, dia 01, e 25 de abril.

“Decidimos manter o programa que tínhamos desenhado. Com a muita atividade da Câmara, arranjar espaço e calendário para alterar a programação para outra altura era uma tarefa difícil e complicada, e achámos que era melhor realizá-lo nestas condições durante o mês que estava pensado”, explicou José Carlos Sousa.

A abertura do festival acontecerá na quinta-feira, com a transmissão em ‘live streaming’ do concerto da Orquestra Clássica do Centro, que se apresenta pela primeira vez no festival, acompanhada pelo Coro Coimbra Vocal, para interpretar o “Requiem” de Mozart.

“Iremos ter 20 concertos, que vão envolver cerca de 250 músicos, quatro orquestras e solistas conceituados”, disse o diretor artístico do festival, acrescentando que as orquestras terão “formações mais reduzidas”, para que seja possível respeitar o distanciamento entre os músicos nos espaços onde vão atuar.

O encerramento acontecerá no feriado de 25 de abril, com “canções heroicas e canções de resistência”, de autores e compositores como Bertolt Brecht, Hans Eisler, Georges Auric, Kurt Weill e Fernando Lopes-Graça.

O programa do festival mantém a componente formativa, com ‘masterclasses’ e ‘workshops’ destinados a estudantes e profissionais de música, nas áreas do piano, clarinete, violino, violoncelo, guitarra e percussão.

Este ano, não poderá haver os habituais concertos pedagógicos ao vivo em escolas e instituições da cidade, mas estes irão realizar-se digitalmente.

Irá ainda decorrer o quarto Concurso Internacional de Piano, com a atribuição de 13.500 euros em prémios monetários, e que recebeu inscrições de 28 concorrentes de 14 nacionalidades.

Em dezembro, 7.946 pessoas assistiram aos concertos transmitidos ao vivo na 13.ª edição do Festival Internacional de Música da Primavera de Viseu.

Alguns deles contaram com mais de mil pessoas que estavam em Portugal, Rússia, Espanha, Croácia, Alemanha e Itália.

“Apesar de tudo, algumas coisas são boas, como levar o festival para fora de portas”, afirmou o responsável, esperando que este ano a adesão seja igual.

O festival é organizado pela Proviseu/Conservatório Regional de Música Dr. José de Azeredo Perdigão, com o apoio financeiro de 100 mil euros do município.

Leia Também: Festivais em risco por exclusão de associações do Garantir Cultura

Deixe um comentário