A atribuição do prémio a Frederico Pedreira foi decidida por unanimidade do júri, constituído por Bruno Vieira Amaral, Isabel Lucas, Luísa Mellid-Franco, Manuel Pereira Cardoso e Maria Helena Santana, que considerou tratar-se de “uma narrativa original de tipo autobiográfico que tira sentido existencial do quotidiano familiar burguês”.
“Há, por parte do sujeito que narra, um trabalho de reconstituição de si mesmo e de uma época a partir do lugar central da casa, gerando no leitor empatia imediata que progressivamente se complexifica, afastando-se de uma exploração meramente sentimental”, acrescentou.
“A lição do sonâmbulo” é uma autobiografia romanceada, em que o autor recua até à sua infância, recriando um passado assente em memórias e imaginação.
Para o júri do prémio, “mais do que uma escavação arqueológica da infância e de um tempo, a rememoração funciona aqui como um dispositivo literário que tudo submete ao poder evocativo da linguagem e do minucioso sentido de observação do narrador”.
Este romance já havia sido distinguido com o Prémio de Literatura da União Europeia, em maio deste ano, tendo o júri se manifestado “muito impressionado pela qualidade” da escrita de Frederico Pedreira e pela “forma como o autor usa a ficção como uma ferramenta para a investigação autobiográfica”.
Frederico Pedreira nasceu em 1983, publicou vários livros de prosa e de poesia, e traduziu poetas como W. B. Yeats e Louise Glück, assim como ensaios de G. K. Chesterton e George Orwell, ou romances de Dickens, Swift, Wells, Hardy e Banville, entre outros.
Em 2016, venceu o Prémio INCM/Vasco Graça Moura na categoria de Ensaio, com “Uma Aproximação à Estranheza”.
Os outros autores que estavam nomeados para a edição deste ano do Prémio Literário Fundação Eça de Queiroz/Fundação Millennium bcp eram Amadú Dafé, Ana Bárbara Pedrosa, Mafalda Damas Revés e Paulo Rodrigues Ferreira.
Na edição anterior (2019), foi contemplada a obra ‘Luanda Lisboa Paraíso’, de Djaimilia Pereira de Almeida.
O prémio tem um valor pecuniário de 10 mil euros e contempla, de dois em dois anos, uma obra ficcional de autor português com idade não superior a 40 anos.
O objetivo deste prémio é promover e incentivar a produção de obras literárias em língua portuguesa, bem como homenagear Eça de Queiroz.
A entrega do prémio terá lugar no dia 2 de outubro na sede da Fundação Eça de Queiroz, em Tormes.
Leia Também: Marcelo Rebelo de Sousa saúda afluência a feiras do livro