Malaposta apresenta-se como local de acolhimento para artistas emergentes

Desde março do ano passado a gestão do espaço está entregue à produtora Minutos Redondos, sendo Manuela Jorge e Joana Ferreira as codiretoras e coprogramadoras.

Segundo o contrato celebrado, a Minutos Redondos, que gere o espaço até março de 2022, recebe da Câmara Municipal de Odivelas, para tal efeito, 272.000 euros (mais IVA) por ano.

“Uma gestão apertada”, reconheceu Manuela Jorge em declarações à agência Lusa, tanto mais que “inclui todas as despesas, desde os projetos artísticos ao papel higiénico ou álcool gel”.

A produtora recebeu ainda da Direção-Geral das Artes (DGArtes) 50.000 euros para programação.

“Neste momento estamos a fazer serviço público”, disse Manuela Jorge referindo que “este é um espaço municipal”, sendo um dos desafios da equipa “a definição e criação de públicos e a sua fidelização” à Malaposta.

“Território e identidade é o fio condutor de uma programação que pretendemos ampla e eclética”, disse Joana Ferreira.

Joana Ferreira referiu ainda que a Malaposta está a abrir portas a artistas profissionais que foram apoiados pela DGArtes, no âmbito os apoios do Fundo de Emergência e “que não tinham um espaço onde apresentar os seus projetos“.

A programação prevista para o primeiro trimestre do próximo ano inclui, na área da música, Carmen Souza e Theo Pascal, no dia 22 de janeiro, e Jorge Palma com Gabriel Gomes e Vicente Palma, a 27 de fevereiro.

Na área das artes performativas, o centro recebe “O Banquete”, a partir da obra homónima de Platão pela companhia Casa Cheia, em cena de 11 a 21 de fevereiro, e o espetáculo “Margem”, de Victor Hugo Pontes, agendado para março.

“Muitas das nossas propostas artísticas do próximo trimestre, em 2021, são reagendamentos de projetos que ficaram adiados devido à pandemia“, disse Manuela Jorge que referiu “as preocupações” que a pandemia trouxe com as respetivas contingências, nomeadamente “adiamentos de projetos” e, atualmente, a redução de lugares nas cinco salas que o edifício dispõe, além da galeria, onde até 24 de janeiro 2021 está patente a exposição “Cafuka Atlántica“, da Plataforma Cafuka, que reflete a experiências temáticas do universo histórico colonial e pós-independência, fatores políticos que condicionam as migrações, fatores de integração nos países de acolhimento e referências urbanas e culturais.

O atual edifício do centro cultural foi construído em finais do século XIX para outros propósitos, um entreposto de Correios, a “mala-posta”, e posteriormente um matadouro, desativado na década de 1960.

Em finais da década de 1980 foi constituída a Associação de Municípios para a Área Sociocultural, Amascultura, que incluia os municípios de Loures, Amadora, Sobral de Monte Agraço e Vila Franca de Xira, que o reabriu em 1989 como Centro Cultural da Malaposta, ao qual se seguiu a direção artística do ator Manuel Coelho.

As cinco salas do centro cultural são o auditório com uma capacidade de 159 lugares, atualmente, a serem utilizados 82, devido às contingência da pandemia.

Outras salas são o café-teatro, 100 lugares, a serem atualmente utilizados 42, a sala experimental com 60, utilizados apenas 22, a “black box” com 50, utilizando-se entre 25 e 30, de acordo com os projetos apresentados, e a sala de cinema com 54, dos quais se estão a utilizar 27.

Manuela Jorge reconhece que a localização da Malaposta, mesmo no limite norte de Lisboa, “dificulta, pois não sendo de Lisboa sofre-se a concorrência das salas da capital, na sua maioria com orçamentos muito mais elevados”, mas como também realçou: “Podemos beneficiar dessa proximidade e ser uma montra de talentos emergentes, de artistas profissionais”.

O Centro Cultural da Malaposta reabriu a 18 de maio, depois do encerramento a 11 de março, devido à pandemia.

“A ideia é apresentar projetos de qualidade, que vão da música ao novo circo, passando pelo teatro, a dança e o cinema”, disse Joana Ferreira, que realçou as parcerias com diversos festivais, entre eles o IndieJúnior, DocLisboa, ou o Outonalidades.

Até ao próximo dia 20 está em cena, na sala experimental, “O Pequeno Livro dos Medos”, uma adaptação de Elsa Galvão, que também interpreta, a partir a partir do livro homónimo para crianças do cantautor Sérgio Godinho.

 

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