Trienal do Báltico com curadoria de João Laia aborda história da Europa

Sob o tema “The Endless Frontier” (“A Fronteira sem Fim”, em tradução literal), a Trienal do Báltico (BT14) reúne cerca de 70 artistas, em mostras espalhadas por cinco espaços de arte da capital da Lituânia, com a exposição principal localizada no Centro de Arte Contemporânea, que promove a iniciativa.

“A BT14 analisa a constituição compósita do território do Centro e Leste Europeu, destacando conexões transnacionais. A inclusão de artistas de regiões como os Balcãs, o Cáucaso ou a Finlândia, sublinha as fronteiras porosas da Europa Central e de Leste, bem como a sua pertença a uma complexa rede global de sistemas”, lê-se no texto de apresentação da mostra.

A curadoria teve em conta a região, como palco regular de “mudanças abruptas”, e recorda que “a Europa Central e Oriental é uma encruzilhada importante para questões relacionadas com ideologia, ecologia e economia”, um território cuja “atração gravitacional” abre caminho “a diversas tensões, que, mais tarde, também surgem em outros lugares, como, por exemplo, dinâmicas de desinformação, desastres industriais e ecológicos, posições nacionalistas ou a opressão de identidades não-normativas”.

Criada em 1979 como evento dedicado à arte contemporânea, a Trienal do Báltico tem vindo a consolidar-se como exposição periódica de obras de jovens artistas da região do Báltico, constituindo “a mais importante exposição internacional no norte da Europa e um dos mais relevantes eventos de arte contemporânea do mundo”, como assume na sua apresentação.

A BT14 também se tem destacado por expressar atitudes não conformistas em matérias políticas e sociais, nas suas exposições.

Em julho do ano passado, quando foi anunciado o nome de ambos os curadores, a direção do Centro de Arte Contemporânea de Vilnius, que promove a trienal, lançou igualmente os desafios para esta edição: “Tendo em mente algumas das tendências autocráticas, nacionalistas, homofóbicas e neoliberais da região, pode começar a pensar-se em como os ventos políticos em mudança podem afetar as cenas artísticas locais e, do mesmo modo, como a produção artística pode participar na urgente mudança”.

“Ao longo das décadas, a Trienal estabeleceu-se como uma plataforma poderosa para explorar a arte como uma ferramenta social e poética para abordar o mundo”, disse João Laia, quando assumiu o projeto, declarando-se “honrado por fazer parte da sua história”.

A BT14 reúne artistas de países como Alemanha, Bielorrússia, Bósnia Herzegovina, Croácia, Eslováquia, Estónia, Finlândia, Geórgia, Hungria, Kosovo, Letónia, Lituânia, Macedónia do Norte, Polónia, República Checa, Rússia, Roménia, Sérvia, Ucrânia.

Jüri Arrak, da Estónia, Tekla Aslanishvili, da Georgia, Zuzanna Czebatul, da Polónia, Juta Ceicyte, da Lituânia, Aleksandra Domanovic, da Sérvia, Klára Hosnedlová, da República Checa, Dóra Maurer, da Hungria, Dasha Kuznetsova, da Rússia, Yarema Malashchuk d Roman Himey, da Ucrânia, Jaakko Pallasvuo, da Finlândia, Sergey Shabohin, da Bielorrússia, d Andrei Ujica, da Roménia, são alguns dos artistas representados.

Em colaboração com parceiros internacionais, como o Centro de Arte Contemporânea, de Riga, na Letónia, o Centro Estónio de Arte Contemporânea, de Tallin (EKKM), e a editora Mousse, a BT14 conta lançar, no outono, uma publicação específica sobre esta edição, com ações públicas em cidades como Berlim, Riga, Timisoara e Varsóvia.

A BT14 fica aberta ao público até 05 de setembro.

João Laia e Valentinas Klimasauskas já tinham trabalhado juntos na exposição “Máscaras”, que esteve patente no ano passado na Galeria Municipal do Porto.

Laia é curador-chefe de exposições no Kiasma – Museu Nacional de Arte Contemporânea, de Helsínquia, desde junho de 2019.

Em Portugal, Laia, de 38 anos, com formação em ciências sociais e estudos cinematográficos, colaborou com instituições como o Museu de Arte Arquitetura e Tecnologia, o Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado, o Torreão Nascente da Cordoaria Nacional – Galerias Municipais de Lisboa, a Galeria Zé dos Bois, a Galeria Francisco Fino, a Galeria Municipal do Porto e a Coleção António Cachola.

Valentinas Klimasauskas foi, com Inga Lace, curador do Pavilhão da Letónia na Bienal de Veneza (2019), trabalhou como diretor de programa no Centro de Arte Contemporânea, em Riga (2017/18), e curador do Centro de Arte Contemporânea, em Vilnius (2003/13).

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